Ontem foi Halloween. E eu cheguei de viagem exatamente na hora que as crianças se preparavam para sair na rua para pedir doces. A entrada do meu condomínio estava caótica. A fila de carros virava o quarteirão bloqueando o cruzamento. Confusão. Estresse. Carros atravessados. Impaciência. Calor. (Faz calor no Texas nessa época do ano, é mole?) Talvez a confusão fosse por conta de uma festa de Halloween no condomínio, não sei ao certo. Só sei que tudo estava um caos. Crianças fantasiadas pipocavam de todos os lugares com seus baldinhos na mão. Os vizinhos estavam na frente das suas casas observando a movimentação. Com tantos carros estacionados na minha rua (inclusive na frente da minha casa), o taxista teve que embicar na minha garagem. Saí empurrando a minha mala até a porta da frente de casa. O vizinho do lado me cumprimentou. Senti um alívio enorme quando ele me viu chegando de viagem. Já que eu estava viajando, não teria como eu estar preparada para o Halloween – era só o que eu queria que estivesse passando na cabeça dele!
E é aí que está um dos motivos que me incomodam no Halloween. Rola uma expectativa de que todo mundo tem que curtir essa festa. E como envolve criancinhas pedindo doces, é claro que você vai participar da celebração. Crianças fofas fantasiadas, pô! Como assim você vai ter coragem de não dar doces para elas? Aí vem a culpa.
Entrei em casa correndo. Estava dando um pouco de atenção para os gatos quando a minha campainha tocou. Eram seis horas da tarde. Hugo tomou um susto e saiu correndo. Eu não tinha nenhum doce para dar. Minha casa não está decorada para o Halloween e ainda assim a campainha começou a ser tocada! Respirei fundo. Arrastei a mala para o quarto, troquei de roupa, peguei minha bolsa e apaguei todas as luzes de dentro e de fora da casa. Corri para a garagem enquanto a minha campainha continuava a ser tocada. Entrei no carro e dei ré com muito cuidado para não atropelar nenhuma criança. Estava a caminho da casa de uma amiga. Todo ano eu saio de casa no dia 31 de outubro porque me sinto super mal em ignorar a campainha. Fazer de conta que eu não estou em casa me soa meio mal educado, já que eu sei que eu estou em casa. Eu queria mesmo era ter uma vassoura de bruxa para sair voando!
Talvez eu não curta Halloween porque eu não curto nada relacionado com monstros, fantasmas, zombies, caveiras, máscaras ensanguentadas & afins. Dentro daqueles que não me assustam, estão aqueles outros de extremo mal gosto. E nenhum dos dois me agradam! Outra coisa trash é o fato da televisão americana começar a exibir filmes de terror no início de outubro. E eu não vou nem mencionar os exageros na quantidade de tranqueira made in China que começa a ser vendida com mais de um mês de antecedência. Li em algum lugar aqui, que a estimativa de gastos dos americanos no Halloween desse ano é de 6.9 bilhões de dólares. Dois bilhões são gastos só com doces, muitos desses que vão parar na lata do lixo. Já ouvi mães dizendo que jogam fora grande parte dos doces que as crianças ganham na noite do dia 31. E sabe por que? Elas ganham baldes, sacos e sacolas cheios de MUITO doce. E por doce, leia-se chocolates, balas, bombons, pastilhas, e tudo mais carregado de açucar. E se seu filho estiver lutando contra a balança? Ou for diabético? Ahhh, não tenho interesse em participar disso e muito menos em ver meu dinheiro ser jogado fora.
Apesar de já ter ouvido inúmeras pessoas afirmarem não gostar de Halloween por ser uma homenagem satânica (?), eu não faço nenhuma co-relação da minha opinião pessoal com religião. Acredito que há fatores culturais envolvidos nessa questão. Eu já me fantasiei várias vezes e curto uma festinha com tema de Halloween. O que eu não consigo engolir é a ‘grandiosidade’ da festa nos Estados Unidos e a expectativa de que todos participem dela decorando as casas, distribuindo doces e vestindo fantasias. Talvez eu mude de idéia em um futuro com filhos. Ou talvez fique mais irritada ainda, haha! Posso virar uma mãe assim, ou assim, ou ainda assim. Vai saber…
Cá entre nós, eu não saio contando para as pessoas por aqui que eu não curto Halloween porque a festa parece popular demais para alguém ir contra. Mas enquanto escrevia esse post, encontrei várias outras pessoas no Google que não gostam do Halloween por diferentes motivos. Artigos em inglês aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, e uma foto que retrata bem o assunto aqui. Nada mal saber que muitas outras pessoas também não curtem o Halloween.
Ex corde.
Acredita que comprei doces e chocolates mas nenhuma criança bateu na minha porta?
Barbarella: Jura? Acho que ficaria frustrada se isso acontecesse comigo. Bjos
Eu gosto de Halloween, mas entendo voce, pra quem nao gosta e um tormento porque recebemos uma overdose de Halloween, assim como receberemos de Natal, Valentine’s, etc. Eu distribui doces pra pouquissimas criancas (eu adoro), nao moro num condominio fechado, acho que sao neles que fazem mais o trick or treat…se fosse bem organizado seria bom pra todos, meu noivo quando estava na grad school morava no campus da universidade e cada um colocava a sua porta se queria distribuir os doces ou nao; acho que todo condominio fechado deveria adotar essa ideia. Beijinhos!
Barbarella: Para mim seria perfeito ter a escolha de distribuir doces ou não! Adorei essa idéia! Bjos
Acho que eu não entraria na dança por pura preguiça. Queria ser mais jeitosa eheheh
Barbarella: E sabe que também tenho preguiça? Já basta a trabalheira que é decorar a casa para o Natal (que eu adoro!).
Aqui no Rio por conta dos cursinhos de Inglês para crianças, está brotando essa comemoração de Halloween, eu não gosto pelos mesmos motivos que disse você, fantasmas, bruxas…e nada tem com nossa cultura, já temos o Cosme & Damião pra distribuir doces, que por pura preguiça, nunquinha tenho paciência de encher saquinhos com doce e também acaba saindo caro e na maioria das vezes vai tudo pro lixo mesmo!!! Mas cada povo com seu costume, é assim mesmo,rsrsrs
Binha, passei dois Halloweens nos EUA quando era criança. Achei o máximo me fantasiar e sair pedindo doces, mas tens razão, no final foi tudo pro lixo. Minha mãe ouviu milhares de histórias de amigas americanas: que os doces vendidos nessa época não têm qualquer controle de qualidade, podendo conter produtos tóxicos, ou que vizinhos tarados podiam envenenar as balas… e por aí vai. Fazes bem de evitar esse desperdício de recurso. ;)
Bjoca!